28 de jan. de 2012

Entrevista com Jackie Chan ( Revista Herói )


 Como foi trabalhar de novo com Chris Tucker, seu melhor amigo?

Ele não é meu amigo. Eu o odeio (risos). Fico nervoso toda vez que tenho que contracenar com ele. Ele muda todos os diálogos. Cheguei ao ponto de nem olhar mais para o roteiro. Na verdade, ficamos amigos depois do primeiro filme acabar. Como continuamos mantendo contato, as pessoas começaram a sugerir uma seqüência. Falamos a respeito, e concordamos em fazê-la. Hoje, adoro o Chris.




Você não se cansa desse gênero de filmes? Já pensou em fazer outros?

Teve uma fase em que pensei em me aposentar (risos). Quando fiz O Grande Lutador, o público americano o odiou tanto que achei que nunca mais trabalharia nos EUA. Voltei para a Ásia e filmei diversos outros projetos. Mas lembro de ter assistido a filmes de Steven Spielberg e outros do tipo Star Wars e Exterminador do Futuro. Fiquei abismado com a tecnologia, efeitos especiais, e com o fato de terem transformado uma pessoa que não tinha experiência em cenas de ação em um astro de ação. Naquele momento, achei que minha carreira estaria acabada, já que com a nova tecnologia qualquer um poderia ser um astro de ação.

O que o fez mudar de idéia?

Logo depois daquilo, Arrebentando em Nova York virou sucesso de bilheteria, e passei a receber diversos roteiros e ofertas para trabalhar nos Estados Unidos. Aí fizemos Hora do Rush, outro sucesso de público. Quando vim para a América, pensei: "oba! Agora vou poder fazer filmes com efeitos especiais". Mas a reação dos produtores e agentes foi oposta: "nós não queremos que faça esse tipo de projeto, queremos que continue com seu estilo". Eles queriam o Jackie Chan como efeito especial (risos). Até hoje, quando encontro pessoas, o reconhecimento é pelas cenas de ação. Outro dia encontrei Steven Spielberg, que veio me abraçar dizendo que seus filhos me adoravam. Ele me deu um pedaço de papel perguntando se poderia dar um autógrafo a eles. Nunca esquecerei esse dia (risos).

Vocês chegaram a conversar?

Sim. Perguntei a ele como conseguia fazer com que os dinossauros contracenassem com os seres humanos. Sua resposta foi: "É fácil! Só preciso apertar alguns botões". Aí foi a vez dele de me perguntar como conseguia pular de um prédio para outro. Minha resposta foi: "É fácil! É só rolar e pular" (risos). Só não falei que quebrei o tornozelo em uma das ocasiões (risos).

Então é o "viver perigosamente" que mantém seu entusiasmo?

É um incentivo. Vivo aperfeiçoando minha técnica e experimentando coisas novas. A verdade é que já usei e abusei de tudo que poderia em meus filmes. Hoje em dia sou consciente de que a maior parte do meu público é de jovens e até crianças. Então, tenho evitado usar palavrões. Não quero que aprendam as coisas ruins com os meus filmes. O interessante é que muitas pessoas acham que ação é sinônimo de violência. Eu não acredito em violência gratuita. Acho que a dos meus filmes não é tão negativa como em alguns filmes americanos. Se fosse, acho que a Columbia TriStar não me chamaria para fazer um desenho animado para crianças.

É verdade que você fará um filme com Steven Spielberg?

É. O título é Tuxedo. Começamos a filmar agora em Toronto. Quando nos encontramos, ele mencionou o roteiro e perguntei sobre a história, que adorei. Falei a ele: "que bom que você vai dirigi-lo". Ele me surpreendeu respondendo que não. Sua idéia seria eu mesmo dirigi-lo. Aí me assustei e, claro, falei não. O resumo é que achamos um outro diretor. Kevin Donovan, e Spielberg será o produtor do filme.

Sobre o que é?

É uma comédia de ação sobre esse homem que ajuda pacientes em hospitais. Um dia vou à casa de um deles buscar algumas coisas, como pasta e escova de dentes, e me deparo com um smoking, que resolvo vestir. É aí que a história começa. Mas paro por aí! Para saber o resto, você terá que esperar pelo filme (risos).

Você contracena com Zhang Ziyi, a heroína de O Tigre e o Dragão. Já a conhecia?

Eu a conheci na China quando ela filmava com Zhang Yimou. Na hora do casting. Brett Ratner viu a foto dela e comentou que a queria no filme. Expliquei que ela era conhecida na China e que achava difícil ela aceitar fazer o papel de vilã. Você não oferece esse tipo de papel a estrelas como ela e John Lone. Mas Brett já havia se convencido de que ela faria o filme e conseguiu que ela dissesse sim. Para nossa sorte. O Tigre e o Dragão fez todo esse sucesso nos EUA, e agora pessoas daqui também sabem que ela é.

Quando você começa a rodar Shangai Knight (seqüência de Shangai Noon)?

No ano que vem. Estou muito animado. Será também um Western, que começa em 1830, seguindo com minha história. Desta vez meu pai é capturado e tenho que provar sua inocência. Vou parar em Carson City. Descubro que o bandido está em Londres, e como não conheço a cidade, vou atrás de Owen Wilson, que diz ser muito rico e estar no Plaza Hotel, em Nova York. Quando chego lá, vejo que na realidade ele é o garçon, e que continua o mesmo pobretão que vive trapaceando as pessoas. E é claro que, assim que chego lá, tenho que ajudá-lo numa situação caótica, e nós dois fugimos a cavalo. Vamos para Londres, e é aí que tudo começa. O resto você tem que ver no filme (risos).

O que sonhava ser quando criança?

Meu sonho era ser duas pessoas: Super-Homem e Batman. Sempre adorei esses personagens que agem com toda a liberdade, sendo que um deles, Super-Homem, voa por todos os cantos só para ajudar as pessoas. Depois que cresci, descobri que ninguém poderia ser o Super-Homem. Que ele não existia. E pensei: como alguém poderia voar como ele? Mas o Batman!!! Esse sim poderia ser real. Qualquer um pode ser Batman. Até eu. De dia seria ator, e à noite, colocaria a máscara e sairia para correr atrás dos bandidos e, principalmente, ajudar as pessoas. Ele é meu herói.

Fonte: Entrevista feita pela revista Herói exclusivamente com Jackie Chan.

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