Entrevista com Shifu Antoni AL.

 ENTREVISTA COM SHIFU ANTONI AL.

Presidente da Pha Chang Martial Art’s Brasil.
Discipulo direto dos Grandes Mestre Moon Pha Chang e Doc Fai Wong.
Representante dos estilos Fu Jow Phai, Shaolin Chuan e Tai Chi Chuan pela Pha Chang Kung Fu
Representante e 6ª Geração do estilo Choy LI Fut pela Plum Blossom Federation.

Com quantos anos Iniciou á pratica de Artes Marciais？
Eu comecei a praticar artes marciais com 3 anos, havia uma academia de Capoeira próxima a minha casa quando minha mãe me matriculou, eu era muito novo mas já mostrava dotes para as  artes marciais, ainda tenho recordações  desta época, porém  os filmes que passavam na Poltrona R na Record me instigavam cada vez mais ao Kung Fu.
Com cinco anos iniciei-me no Full Contact, e em um exame de troca de faixa recebemos a visita de dois atletas de Kung fu que eram amigos do meu professor, os mesmos realizaram uma apresentação, fiquei fascinado.  Eu mal sabia que o Homem que os acompanhava os atletas de kung Fu seria o meu futuro Shifu de kung fu.

Quem são seus mestres e como foi seu contato com eles.

Tenho dois mestres, Moon Pha Chang e Doc Fai Wong. 
Meu contato com o mestre Moon Pha Chang foi em 1986 quando meu Shifu Reinald Paiva trouxe-o  para o Brasil, deste momento em diante sempre treinei sobre seus olhares, até ter a honra de ser seu discípulo direto,  fato que aconteceu em 1996. Já com o mestre Doc Fai Wong estou na família desde 2004 após ter sido aceito.

Qual foi a necessidade do senhor de procurar um outro mestre, se já tinha um.
Eu sempre gostei de treinar muito seja arte marcial ou outra modalidade, e quando passei a cuidar da escola de meu shifu percebi que meu rendimento havia caído, pois sabemos que dar aulas e treinar é difícil ainda mais se você não tem seu mestre do seu lado.
Em uma conversa com meu shifu ele me disse para que eu procurasse algo para suprir minha necessidade, busquei várias modalidades e de novo  deparei-me com o kung fu, desta vez o choy lay fut que acabava de chegar no Brasil sobre a supervisão do Shifu Serra a quem tenho muito carinho , iniciei-me no choy lay fut e ao mesmo tempo mantinha minha escola e meus atletas, foi muito bom pude manter-me em atividade. Por divergências de pensamentos optei em me afastar do Choy Lay Fut, mas sempre na esperança de um dia poder dar continuidade ao aprendizado, após alguns anos um amigo de treino de Choy Lay fut me avisou que havia iniciado uma representação do estilo. Achei interessante e resolvi buscar mais informações, voltando assim a praticar o sistema desta vez na Familia Lee Kon Hung,  mais uma vez não deu certo, e entristecido resolvi deixar este propósito de lado e levar minha escola como sempre levei. Meu shifu vendo minha frustração me aconselhou a não desistir, e logo me apresentou a alguns mestres e após muita conversa estava eu com mestre Doc fai Wong.

Como é seu relacionamento com seus mestres ¿
Tenho um relacionamento muito bom, pois tento fazer o meu melhor para não desapontá-los,  no inicio foi complicado porque eu tinha que mostrar muito trabalho dos dois lados, para  quem não sabe ter dois mestre é serviço dobrado em tudo, tanto que, para que eu me mantivesse dentro das duas famílias passei e passo por inúmeras aprovações. Tenho que treinar muito a parte técnica, a parte filosófica que agregam as famílias, cuidar do crescimento dos estilos aqui no Brasil e ainda estar presente com eles sempre que possível. 
Tenho que citar uma pessoa importantíssima, pois nada seria sem ajuda de meu Shifu Reinald Paiva, sem ele não seria nada, foi ele que me iniciou nas praticas chinesas, ele que me apresentou meus mestres os quais represento hoje e claro responsável pela minha formação, Meu Si Sok Martin Ferreira da White Dragon Choy Li fut School, o qual me dá suporte sobre o comando do Grão mestre Doc Fai Wong, ao Grand Mestre Wong Gong. E atualmente pude retornar as práticas de Chen Tai Chi.

 Além dos estilos de seus mestres, o senhor já praticou outros estilos¿
Com o mestre Pha Chang eu pratico o Shaolin Quan e Fu Jow Phai (tigre Negro) ele também ensinou-me Tai Chi e Gi Gong, e algumas práticas Taoistas como Nei Gong, Zhi bei Gong, Pa Tuan Ti, Feng Shue, Bazi e outros.

 Já com o mestre Doc fai Wong pratico Choy Li Fut das 5 familias e tenho que treinar Tai Chi yang pois seu yang se difere do Yang do mestre Pha Chang, porque é voltado para o lado marcial.
 Como a escola Shaolin é bem ampla pude ter contato com vários outros sistemas e mestres, buscando sempre melhorar a minha qualidade, sem desrespeitar meus mestres, já que os mesmos inclusive indicam algumas práticas. 
Pratiquei também Pak Hok Kuen (Garça Branca) Pek kwar, Ton long e outros.
  Atualmente retornei a prática do Chen Tai Chi pela Hong Kong Chen Style Association sobre a supervisão do senhor Paulo Lee, (em 1992 fui presenteado com uma forma de Chen Tai Chi e por isso fiquei muito feliz em poder voltar a praticar o sistema).

 A Escola é uma das únicas escolas de Kung Fu no Estado á ministrar aulas de MMA, conte-nos um pouco sobre este trabalho:

Como citei acima sempre gostei de treinar duro, e meu contato com MMA vem bem do inicio da modalidade no Brasil, Em meados de 2004 organizei um evento de lutas aqui em Taboão. O MMA estava começando a galgar seus caminhos para o que é hoje, neste tempo já conhecia muitos nomes fortes do meio. Neste evento a idéia era promover o Sanda, onde seriam 6 lutas contra o Muay Thai, resolvi a pedidos de alguns amigos lançar o MMA na região, e coloquei 3 lutas, onde estreavam na modalidade o Wiscardi Andrade hoje um dos ícones do meio, Marcos Babuíno no começo de sua carreira e outros. O evento foi um sucesso e chamou a atenção da mídia, depois deste evento ficaria   a frente de alguns eventos como organizador, mas o engraçado era  que eu não via atletas do Kung fu, onde estavam nossos lutadores,  já que a modalidade estava crescendo, então resolvi preparar meu primeiro atleta de kung fu para o MMA onde estreamos com sucesso. 
A partir daquele momento não parei mais, fui buscar o que nos faltava, ou seja, um bom trabalho de solo (Jiu Jitsu), mas a modalidade estava desenvolvendo muito, e cada vez mais o intercâmbio era preciso, então me uni a Chute Boxe Diego Lima a convite do Munil Adriano que havia sido contratado para lutar em um de meus eventos. 
Coloquei-me a treinar e aprender mais, e ter contato com grandes nomes como o próprio Munil ,Felipe Sertanejo, Thomas Almeida, Babuino, Flavio Alvaro e toda equipe que dispunha de muita qualidade e disposição.
Hoje tenho minha própria equipe de MMA, com grandes nomes junto a ela como Alex Pica Pau, Bruno Oliveira, Valdivo Dutra, Leandro Saru Bruno Locutor, Marcio Souza, Matheus Chimbão, Daniel Walide, Danilo Branderburgo e a Dani, estes por si fazem um trabalho junto a UDL  reforçando ainda mais o trabalho.
Sempre levantamos o nome do Kung fu tradicional procurando aplicar o que há de melhor da arte chinesa para o MMA e juntamente com a Check Mat podemos oferecer um trabalho de alto nível.

O MMA e o Kung Fu Tradicional; existe algo em comum？
Sem duvida que sim, alguns mestres dizem que não, mas se voltarmos na historia do Kuoshu Chinês, já eram realizados desafios desta forma (sem regras e sem tempo determinados) sobre os Leitais chineses; fato este que acarretou em muitas mortes de grandes mestres, obrigando assim a fazerem  a criação de regras para termos algo seguro e competitivo como é hoje.
Como tudo tem o seu ápice o MMA está no seu melhor momento, e o que faço é estar acompanhando este momento, mas não deixo de colocar aos meus atletas que a formação em uma modalidade clássica é muito importante para seu crescimento, tanto interior como estrutural. O Kung fu é muito importante e funcional, porém é preciso  praticar muito para estar neste nível, e se conseguirmos agregar um pouco do que o kung fu tem a oferecer ao MMA, já vai ter dado muito resultado.

Algumas Escolas que seguem a tradição do Kung Fu Chinês não acreditam no trabalho do MMA em uma escola que “prega” a não violência, o que tem á nos dizer sobre isso？
A violência está nos olhos de quem vê, hoje MMA é um trabalho para seus lutadores, não posso criticar ou julgar este principio, o que posso dizer, é que dentro de minha escola tento passar tanto para meus alunos de Kung fu, quanto para os meus profissionais de luta  a filosofia de serem pessoas melhores a cada dia, que usem seu trabalho, sua arte para ajudar o próximo e para se auto conhecer,  não posso prever o futuro, mas posso dizer que até  mesmo no MMA podemos encontrar homens bons e de muito caráter. Isso por si só já se faz o caminho de uma arte marcial.

Acompanhando as notícias  vemos que muitos atletas da Pha Chang obtém um grande e ótimo resultados nos eventos de MMA, qual o diferencial do ensino na escola？
Temos um programa de alto nível, isso se dá pelos intercâmbios feitos com grandes equipes, e também por termos profissionais qualificados treinando nossos lutadores.
Treinamento é coisa séria e, para quem quer ser lutador a vida não é fácil como em qualquer outra profissão, abdicamos de muitas coisas para poder treinar e focar um bom resultado. Tento sempre ser exemplo para meus atletas, por isso estou com eles praticando em todos os treinos sejam de sparring, submission, técnicos ou mesmo dentro da sauna perdendo peso, sempre estou junto. Acredito que uma equipe só pode ser equipe quando, todos inclusive os lideres tem o mesmo nível, e o mesmo objetivo. “Não posso ensinar o que não posso fazer”.  Acontece em muitos lugares, principalmente no kung fu, mestres ou o professor que, em suas escolas simplesmente sentam e mandam, muitas vezes o mesmo fora de forma gordo e apático, vanglorizando-se e vivendo de historias, que meu estilo é verdadeiro,  que meu mestre é isso. Posturas e pensamentos que já não cabem nos tempos de hoje.

Acredita no crescimento da Arte Marcial em nosso país?

Acredito como tenho certeza, hoje somos considerados o país do MMA, hoje exportamos mais lutadores que qualquer outro país, já nas artes tradicionais não é diferente, vemos escolas crescerem abrindo inúmeras filiais, vemos eventos de diversas modalidades com um número bastante expressivo de atletas.
O que vai lançar ainda mais as artes marciais e principalmente o Kung fu, é o trabalho sério e direcionado feito com amor, e claro a profissionalização dos mesmos que, precisam ver suas escolas como empresas de crescimento e sem duvida alguma ter no coração a ambição de fazer a diferença,  estou no caminho e sei que ainda preciso aprender muito, mas chego lá!

Deixe um recado aos nossos leitores:
Meu recado é que nunca desistam dos seus sonhos, eu nunca pensei que chegaria aqui, somente acompanhei o fluxo do que mais gostava de fazer e hoje sou feliz e bem sucedido, não existe satisfação melhor que esta.
Dedicação e Persistência serão os fatores de seu sucesso ou de seu fracasso. 
O kung fu me ensinou muito e ainda me ensina,  então nunca achem que já sabem de  tudo, pois o dia e noite nos ensinam a todo momento, vivemos em um universo de constante transformação. Minhas palavras se baseiam em experiências  vividas, ou seja,  acredito no que falo e coloco em prática todos os dias.
 Quem desejar visitar nossa escola, nossa família, nosso time fica aqui o convite. 

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