Ele não é meu amigo. Eu o odeio (risos). Fico nervoso toda
vez que tenho que contracenar com ele. Ele muda todos os diálogos. Cheguei ao
ponto de nem olhar mais para o roteiro. Na verdade, ficamos amigos depois do
primeiro filme acabar. Como continuamos mantendo contato, as pessoas começaram
a sugerir uma seqüência. Falamos a respeito, e concordamos em fazê-la. Hoje,
adoro o Chris.
Teve uma fase em que pensei em me aposentar (risos). Quando
fiz O Grande Lutador, o público americano o odiou tanto que achei que nunca
mais trabalharia nos EUA. Voltei para a Ásia e filmei diversos outros projetos.
Mas lembro de ter assistido a filmes de Steven Spielberg e outros do tipo Star
Wars e Exterminador do Futuro. Fiquei abismado com a tecnologia, efeitos
especiais, e com o fato de terem transformado uma pessoa que não tinha
experiência em cenas de ação em um astro de ação. Naquele momento, achei que
minha carreira estaria acabada, já que com a nova tecnologia qualquer um
poderia ser um astro de ação.
O que o fez mudar de idéia?

Vocês chegaram a conversar?
Sim. Perguntei a ele como conseguia fazer com que os
dinossauros contracenassem com os seres humanos. Sua resposta foi: "É
fácil! Só preciso apertar alguns botões". Aí foi a vez dele de me
perguntar como conseguia pular de um prédio para outro. Minha resposta foi:
"É fácil! É só rolar e pular" (risos). Só não falei que quebrei o
tornozelo em uma das ocasiões (risos).
Então é o "viver perigosamente" que mantém seu
entusiasmo?
É um incentivo. Vivo aperfeiçoando minha técnica e
experimentando coisas novas. A verdade é que já usei e abusei de tudo que
poderia em meus filmes. Hoje em dia sou consciente de que a maior parte do meu
público é de jovens e até crianças. Então, tenho evitado usar palavrões. Não
quero que aprendam as coisas ruins com os meus filmes. O interessante é que
muitas pessoas acham que ação é sinônimo de violência. Eu não acredito em
violência gratuita. Acho que a dos meus filmes não é tão negativa como em
alguns filmes americanos. Se fosse, acho que a Columbia TriStar não me chamaria
para fazer um desenho animado para crianças.
É verdade que você fará um filme com Steven Spielberg?
É. O título é Tuxedo. Começamos a filmar agora em Toronto.
Quando nos encontramos, ele mencionou o roteiro e perguntei sobre a história,
que adorei. Falei a ele: "que bom que você vai dirigi-lo". Ele me
surpreendeu respondendo que não. Sua idéia seria eu mesmo dirigi-lo. Aí me assustei
e, claro, falei não. O resumo é que achamos um outro diretor. Kevin Donovan, e
Spielberg será o produtor do filme.
Sobre o que é?
É uma comédia de ação sobre esse homem que ajuda pacientes
em hospitais. Um dia vou à casa de um deles buscar algumas coisas, como pasta e
escova de dentes, e me deparo com um smoking, que resolvo vestir. É aí que a
história começa. Mas paro por aí! Para saber o resto, você terá que esperar
pelo filme (risos).
Você contracena com Zhang Ziyi, a heroína de O Tigre e o
Dragão. Já a conhecia?
Eu a conheci na China quando ela filmava com Zhang Yimou. Na
hora do casting. Brett Ratner viu a foto dela e comentou que a queria no filme.
Expliquei que ela era conhecida na China e que achava difícil ela aceitar fazer
o papel de vilã. Você não oferece esse tipo de papel a estrelas como ela e John
Lone. Mas Brett já havia se convencido de que ela faria o filme e conseguiu que
ela dissesse sim. Para nossa sorte. O Tigre e o Dragão fez todo esse sucesso
nos EUA, e agora pessoas daqui também sabem que ela é.
Quando você começa a rodar Shangai Knight (seqüência de
Shangai Noon)?
No ano que vem. Estou muito animado. Será também um Western,
que começa em 1830, seguindo com minha história. Desta vez meu pai é capturado
e tenho que provar sua inocência. Vou parar em Carson City. Descubro que o
bandido está em Londres, e como não conheço a cidade, vou atrás de Owen Wilson,
que diz ser muito rico e estar no Plaza Hotel, em Nova York. Quando chego lá,
vejo que na realidade ele é o garçon, e que continua o mesmo pobretão que vive
trapaceando as pessoas. E é claro que, assim que chego lá, tenho que ajudá-lo
numa situação caótica, e nós dois fugimos a cavalo. Vamos para Londres, e é aí
que tudo começa. O resto você tem que ver no filme (risos).
Meu sonho era ser duas pessoas: Super-Homem e Batman. Sempre
adorei esses personagens que agem com toda a liberdade, sendo que um deles,
Super-Homem, voa por todos os cantos só para ajudar as pessoas. Depois que
cresci, descobri que ninguém poderia ser o Super-Homem. Que ele não existia. E
pensei: como alguém poderia voar como ele? Mas o Batman!!! Esse sim poderia ser
real. Qualquer um pode ser Batman. Até eu. De dia seria ator, e à noite,
colocaria a máscara e sairia para correr atrás dos bandidos e, principalmente,
ajudar as pessoas. Ele é meu herói.
Fonte: Entrevista feita pela revista Herói exclusivamente com
Jackie Chan.
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